terça-feira, 31 de agosto de 2010

A TRAVESSIA DO CABO SÃO TOMÉ

Quando viajamos de Buzios para Vitória, cruzamos o Cabo São Tomé. Na ocasião velejava conosco o nosso amigo Paulo, que é um grande poeta . Descobrimos isso na ocasião, quando durante a madrugada, cruzavamos o cabo e o Paulo aproveitou para fazer uma poesia que transcrevemos abaixo:


2010, 28 de julho.

Meia noite e meia de quarta feira
Ao redor, aberto em sua plenitude, escuro oceano.

Clara noite de lua cheia.
Tímidas estrelas tornam se opacas diante onipresente luminoso esplendor.

Tons acinzentados sobre o horizonte.
Cúmulos, conferindo lhe dotes democráticos,
socializam a abobada celeste com longínquos astros.
Ondulação agradável nos embala.
Nina quem repousa.
Desperta quem solo na vigília está.
Paladar de café amargo colabora.

Vento nulo.
Panos enfraldados.
Máquinas trabalhando.

Temperatura amena para uma noite de inverno nesta latitude.
Suportável sob marujos trajes de tempo.
Paralelas luzes de navegação lampejam por todos quadrantes.

Flotilha  avança.
Almejam aportar Vitória seis dezenas de veleiros

Coincidência numérica.
Bigodes são formados a seis nós.
Outro múltiplo de três.
Nove horas de singradura formam nossas esteiras.

Lanternas de popa apontam Búzios.

Proas para o lendário e temido cabo de São Tomé.
Cabo!!
Normalmente ponto geográfico de indescritível beleza.

Escreveu Camões
Onde a terra se acaba
E o mar começa
Refletimos
Eternas arenas onde digladiam se três elementos em fúria.
A suposta plácida, porém intrusa e implacável terra.
Seus oponentes,
tempestivos combatentes,

água e ar.

Tenebroso promotório com nome de santo incrédulo.
Onde perecem incontáveis calejados capitães de longo curso.
Ladeados por infortunados velhos lobos do mar.

Existência de intrépido banco de areia.

Ousa por milhas penetrar no feudo de Poseidon.
Contabilidade de tal saga geofísica traduz se em esqueletos.

Numerosas naus sepultadas em tirânico leito.
Assombros que perpetuam neste belo e macabro palco.

Naufrágios!
Historias de insuperáveis correntes,
arrasadouras ondas,

intransponíveis ventos,
sólidos nevoeiros povoam nosso imaginário.
Amadores,
simples aprendizes da arte de marinharia.

Amantes da aventura, da indômita natureza.

Insaciáveis caçadores da impalpável incógnita linha que partilha céu e mar.
Esta, velha inquilina de nossas magníficas visadas.

Fugitivos do convencional.
Quiça velejadores..

Loucos?!?!

Alguns conscientes e zelosos das adversidades imposta pela lida de nossos devaneios.

Encontro com notória dobra do continente marcada para alvorada.

Parafernália tecnológica prediz tranqüila transposição.

Fé!
Entranhada,
Primitiva,
Institiva!
Comparceia com modernos oráculos.

Semblantes espelham temeridade.

Paira expectativa....


paulo (du petit prince on board Easy Going)
PS: feliz nautico lacaio da amada familia gaúcha Papu (bebê Papu, mano Papu, mãe Papu e Comandante Papu, navegadores da nave irmã du petit prince, Easy Going, outro nobre veleiro Fast 345) no Cruzeiro Costa Leste 2010 – Rio Fernando de Noronha.
Esta querida trupe tirou o ano de 2010 só para velejar. E tivemos a honra de estar embarcados com eles nos trechos Rio Búzios e Búzios Vitóri

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